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Como os limites nos juros do rotativo podem impactar as empresas?

19/10/2023

Sangiogo Advogados

Como os limites nos juros do rotativo podem impactar as empresas?

Os juros do rotativo são os juros do cartão de crédito que é oferecido ao cliente quando ele não realiza o pagamento total da fatura do cartão. Toda vez que o cliente não paga o valor total da fatura, a instituição financeira que administra o cartão de crédito faz uma espécie de empréstimo para aquela pessoa. E o valor restante da fatura que o cliente não pagou é lançado no mês seguinte com juros rotativos.

Entrar no rotativo do cartão de crédito é a maneira mais fácil de tornar-se um inadimplente, isso porque com os juros do rotativo, o cliente vai pagar juros sobre o valor que ainda deve no seu cartão de crédito, consequentemente gerará o efeito bola de neve, tornando a dívida impagável.

Preocupados com a inadimplência do cidadão brasileiro, o governo lançou o projeto de lei que regulamenta o programa de renegociação de dívidas. O programa se chama Desenrola e além disso, ele também limita os juros do rotativo do cartão de crédito. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou o projeto de lei, porém são os bancos que vão decidir qual será o teto da taxa cobrada aos consumidores que deixarem suas parcelas atrasadas.

Os bancos precisam apresentar uma proposta para o Conselho Monetário Nacional (CMN) em um prazo de 90 dias para a partir de então ocorrer a sanção presidencial.

O texto aprovado no Senado diz que os emissores de cartão de crédito e outras instituições de instrumentos pós-pagos devem dar sugestões referente aos limites para taxas de juros e encargos financeiros cobrados no rotativo e no parcelamento do saldo devedor.

A parte do limite tem gerado entendimentos distintos, já que alguns entendem que o limite do rotativo deve ser de uma taxa máxima de 100% ao ano, outros entendem que os juros cobrados não podem ultrapassar o valor principal.

Se o limite do rotativo for de 100% ao ano, haverá um impacto negativo no lucro dos grandes bancos, ou seja, o lucro seria reduzido consideravelmente.

Suponhamos que, no caso de um limite de 100%, uma pessoa tenha uma dívida de R$ 1 mil no cartão de crédito. O banco só poderá aplicar no máximo mais R$ 1 mil de juros e encargos financeiros como nova proposta, devido ao 100%. Logo a dívida nunca poderia ultrapassar os R$ 2 mil.

Isso porque os bancos faturam muito com o não pagamento da fatura em sua totalidade até a data do vencimento, pois o cartão de crédito é uma das modalidades de empréstimos mais caras do Sistema Financeiro Nacional, para ter uma ideia, o seu custo médio atingiu 445% ao ano no mês de agosto.

De um modo geral, as taxas são altas porque é um crédito sem garantia, e sendo assim, mais arriscado para a instituição que o oferece.

Outra questão que vem sendo muito debatida, é a portabilidade gratuita dessa dívida. Essa portabilidade visa estimular a concorrência. O objetivo é fazer com que o setor elabore uma proposta de regulamentação sobre o assunto. 

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